quinta-feira, 27 de março de 2008

O pecado em mim

Quando eu vi aquele primeiro pedaço da maçã ser saboreado, pude sentir que o pecado pra sempre estaria comigo. Quando eu me deito, quando me levanto, quando seco minhas lágrimas e até mesmo quando peço perdão. Meus olhos não mais deixam de estarem vermelhos: de dor, das lágrimas e das noites sem sono debruçadas sobre meus ombros. Meus joelhos não mais esticam-se, permanecendo sempre sobre as dores propostas sobre o chão da penitência e do suor. Para a terra que vim, antes mesmo de voltar, entrego-me. Meu jejum é carnal e espiritual. Não mais como, não mais bebo, não mais canto e nem mais vejo a luz do sol, sobre as pequenas fendas da janela do quarto. Sinto a quaresma me invadir e purificar minha alma. Vã tentativa. Pecador infame, palavras infames, poemas vagos e vazios e não menos pecadores. E desde o primeiro pedaço da maçã, a cada nascer do sol um novo pedaço é ingerido e mais uma alma é perdida e mais um fim tem seu início. Pecadores de alma e pecadores de vidas.

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