sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Palavras doadas

Meus pés na areia branca
nas tardes de sábado afinco
escrevem seu nome para o mar,
enquanto o sol nos bronzeia
e você me domina:
Menina.


A orla somos nós
a interpretar dois amantes
sem culpa e sem carma,
com olhos nos olhos
a brindar o Arpoador:
Amor.


No pôr-do-sol de Ipanema
meus lábios encontram os seus
a meia luz do meio sol,
com o céu derramando o azul
e seu corpo todo em aquarela:
Bela.


Estou certo de que minhas palavras
são endereçadas ao teu sorriso
misturado ao sal do mar,
que me molha de inspiração
e preenche os meus dias:
Poesias.

sábado, 23 de julho de 2011

Era uma caixinha de sonhos que ficava sobre a penteadeira no quarto maior daquela casa pequena. Abria-se as vezes, meio que escondido, e ficava-se ouvindo com encanto aquela melodia tão doce que embalava a bailarina num rodopio sem fim. Não havia perda de equilíbrio, não havia falta de graciosidade, nada era capaz de interromper. Tardes faceiras, rodeando as roseiras, num jardim improvisado e cuidado com tanto amor. Banhos de torneira e a rua tomada por brincadeiras de crianças ainda inocentes, sonhando um mundo, fantasiando a vida. A alegria precisava de tão pouco e estava sempre no tão pouco que se tinha. Nada faltava aos olhos de quem ainda não havia crescido. As pedras do quintal, as do muro, as da rua, as da escada... todas eram testemunhas da vida feliz erguida por ali. Ainda que o tempo molde em ruínas aquele lugar, as lembranças (lembradas por um ou por todos) sempre despertarão todas as vezes que a caixinha se abrir e a bailarina se pôr a dançar.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Coisas Boas

Não quero só de vez em quando...

Ler um bom livro,

Ir ao teatro e sair extasiado,

Cantar no meu tom e do meu jeito,

Dançar, com técnica ou só com alegria,

Ir à praia,

Embolar meu corpo em outro corpo,

Atuar,

Falar de sentimentos, com sentimento,

Voar de avião,

Abraçar minha mãe,

Escrever sobre o que se passa aqui dentro,

Liberar endorfina,

Rir com amigos,

Encontrar com Deus.

Eu quero sempre!

sábado, 23 de abril de 2011

Flores em Laranjeiras

O silêncio nunca é completo por aqui. Sempre tem uma gota que bate na proteção da janela ou um carro sem ritmo que atravessa a distância da rua. Por dentro também é assim. Agora Cazuza, outrora Bethânia e daqui a pouco Vercilo. Tem também a agonia de uma mão que desliza de minuto a minuto, a procura de uma fotografia anti-saudade. Se bem que, pela hora que o relógio exibe, me parece cedo demais para saudades.

Tão estranho e inusitado quanto os acasos de uma quarta santa. E num piscar de olhos mal intencionados, perde-se a certeza sobre as confissões que eram feitas em volumes tão minúsculos. Acredita-se que o coração tem aumentado o tom, a batida, a atividade, a vida.

Brincadeiras no fim de tarde podem deixar marcas pelo restante da noite.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Copacabana

Hoje eu entendi uma coisa que eu já havia sentido antes, mas ainda não tinha conseguido identificar, nomear, expressar. Vim rápido pra casa, antes que a emoção me fugisse e as palavras se esquivassem. Você já esteve em Copacabana?

Estive poucas vezes, mas hoje foi diferente de todas as outras poucas. Hoje eu estava aberto, meu espírito estava mais entendido, havia mais sensibilidade. E quando eu percebi, já estava totalmente envolvido pela força que existe em todos os cantos daquele lugar.

O mar estava mais azul e mais infinito do que qualquer outro. E revolto. Rebelde. Em ondas que não aceitavam qualquer mero candidato a banhista. Somente os melhores. Por ali, parece que só pode mesmo habitar, os melhores. Os corpos de Copacabana, desde aqueles modelados pelo artista na areia, até aqueles modelados por outro Artista, e que correm pela areia, são minuciosamente esculpidos. Não basta haver beleza, é preciso perfeição. E há. Desde o bronzeado irretocável, ao azul céu-mar nos olhos dos turistas. Em Copacabana as peles brancas globalizadas tocam os corpos negros favelados, sem pudor, sem medo, sem preconceitos. As pessoas se olham. Se cruzam. Uma orgia de energia. O mundo inteiro está ali: em línguas, em gestos, em comportamento, em sabedoria.

Pequenez reduzir Copacabana apenas a uma praia, um forte, um bairro. É estilo. É vida. É mistura de povos. É uma parte maravilhosa de uma cidade que mostra seu sorriso esboçado no que o vil poeta nomeou de simplesmente Copacabana.